terça-feira, 4 de novembro de 2014

A Construção de um Curta Baseado na Experiência de 3 Gerações de Roteiristas

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Cacá Nazário em entrevista conta que começou a estudar Teatro para depois então se engajar no Cinema.
Na construção de um curta-metragem: em meio aos roteiros, disposições de câmera, enquadramentos e edição, está impressa a experiência de vida do sujeito que o produz. Analisando três gerações de roteiristas com seus respectivos curtas-metragens e documentários, vemos o nível de profissionalização dos filmes ligados à maturidade do cineasta, a paixão por cinema e anseios de uma carreira são diferentes em cada geração. Os roteiristas entrevistados são Anderson Vigel, Pedro Grossler e Cacá Nazário. 
Anderson Vigel em viagem a São Paulo.
Anderson Vigel (18 anos), foi roteirista e ganhador do projeto estudantil Mini Oscar (Ipuc) com o curta “A Photo” (2010), ao qual participou no ensino fundamental junto de sua turma. Anderson foi escolhido pelos colegas para ser o roteirista, pois dentre eles era quem possuía melhor domínio de escrita. Acredita que para se fazer um bom curta são necessários: uma boa câmera e pessoas dispostas a atuar. Vigel diz que por ter iniciado a pouco tempo e ter tido seu primeiro curta vinculado a escola não teve que lidar com financiamentos para seu curta, até tentou uma parceria com a prefeitura de sua cidade (Canoas, RS) que foi onde teve maior visibilidade para o seu curta, porém não teve resultados.
Pedro Grossler em entrevista.
Roteirista do filme “E se essa lua fosse minha”, Pedro Grossler (21 anos) foi vencedor do Kikito de melhor curta no Festival de Gramado de 2014. Estudante do 6º semestre de Cinema na Unisinos, Pedro diz que no Brasil o roteiro está totalmente relacionado a direção do curta , pois onde há uma ideia o primeira passo para poder contá-la é o próprio roteiro. Sendo assim, quando a produção é pequena tudo está integrado, passa a ser uma obrigação do cineasta fazer roteiro. Na opinião de Pedro, para se ter um bom curta é necessário ter uma boa ideia que motive uma equipe inteira a querer trabalhar contigo. No caso de recursos financeiros para se apoiar um curta universitário, diz que a própria instituição ao qual ele estuda contribuiu com o valor de dois mil reais em aluguel de equipamentos para a execução dos curtas feitos no 3º semestre de Cinema.

“Cinema é imagem, não texto. Roteiristas escrevem imagens.”

Dono de uma sensibilidade ímpar para o cinema e motivação presente desde muito jovem, Caca Nazário possui 4 curtas em seu currículo. O mais novo é “Sobre Sete Ondas Verdes Espumantes”, que conta a história do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu e foi premiado em diversos festivais. Caca relata que através dos ensinamentos de seu pai obteve o entusiasmo pela cinematografia. Aos 53 anos, e com um olhar crítico presente a todo momento, define cinema como uma arte condensada. Para obter a realização de um curta de qualidade é necessário principalmente uma equipe competente: diretor, fotógrafo e um técnico de som, diz o cineasta. Para ele, a obtenção de financiamentos para a produção de curtas é direcionada exclusivamente para aqueles que já possuem um currículo, então indica para todos que iniciam nessa área a parceria com outros iniciantes interessados, assim, agregando talentos se alcança um resultado de qualidade.

Em cada etapa de nossa vida, nossa percepção sobre as coisas que nos envolve é diferente. Para as lentes e letras dos roteiristas apresentados o esquema é o mesmo, a cada geração o profissionalismo aumenta; as ideias se aperfeiçoam; o jeito de ver cinema como uma arte e um negócio elaboram-se e o amor pela 3ª arte amadurece. Anderson com seu mistério colegial, Pedro com a humanidade dos personagens do seu curta e grandeza do documentário de Caca Nazário, apresentam três gerações com o mesmo foco de paixão: cinema. Cinema não baseia-se na idade do homem, mas sim na evolução humana.

Confira a seguir um vídeo que conta mais sobre cada um dos curtas/documentários com comentários dos nossos roteiristas sobre a visão que eles tem de roteiro:





A Photo (2011) é um curta-metragem com duração de 14 minutos, com roteiro de Anderson Vigel que foi realizado para um festival estudantil do Colégio Ipuc (Canoas -RS), com a organização do professor de inglês Renato Alessandro S. de Souza. O projeto que teve início em 2010, inicialmente chamado de Mini Oscar IPUC, teve como objetivo trabalhar com os alunos novas formas de comunicação. Em 2012, o projeto passou a fazer parte do calendário da escola como festival. Foram seis trabalhos inscritos, entre eles o citado “A Photo” que envolve um mistério em torno de uma fotografia de uma menina desconhecida, a história do curta se desenrola na busca da menina da foto e de quem é o dono da fotografia. Se tornando um mistério cada vez maior para os personagens da trama. (Imagem: divulgação)



Editor: Wendyel Borin.
Texto: Fernando Rigon, Pedro Carrizo e Wendyel Borin.
Vídeo: Débora Neto e Julia Fernandes.
Edição de Foto: Fernanda Freymann.
Retranca: Karem Rodrigues.
 

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